Uma semana depois de Montreal, a Formula 1 chegava a Watkins Glen para aquela que viria a ser a última corrida da temporada de 1979, dividida definitivamente em duas, a primeira parte onde Ligier e Ferrari disputavam entre si a liderança das corridas, e a segunda parte, onde se assistiu à emergência da Williams como a equipa dominante no pelotão, com a Ferrari logo a seguir, e com os lampejos da Renault, com a sua tecnologia Turbo a contrariar o pelotão dominado pelos motores Cosworth. Uma tecnologia potente, mas frágil.
Não havia novidades no pelotão da Formula 1 em relação a Montreal, mas havia certas tendências do que poderia acontecer na temporada seguinte. A Brabham, sem Niki Lauda, com Ricardo Zunino no seu lugar, e com o novo chassis para 1980, o BT49, com o motor Cosworth, mostrava que estava no caminho certo, pois o salto de qualidade em relação à época em que usavam o motor Alfa Romeo era evidente. Além disso, o jovem Nelson Piquet, em sua primeira temporada completa na Formula 1, aprendendo com Lauda, parecia ter carro para demonstrar o seu talento latente.
A Alfa Romeo, passada a polêmica de Montreal, alinhava os seus dois carros, também com um novo chassis. Bruno Giacomelli e Vittorio Brambilla experimentavam o N179, esperando que este se mostrasse competitivo perante o pelotão de Cosworths. Contudo, depois da qualificação, a equipe da marca italiana sabia que teria um logo trabalho pela frente, se queriam ter um carro competitivo em 1980.
Inscritos trinta carros para Watkins Glen, somente 24 poderiam alinhar para a corrida. Na sexta-feira, a chuva caiu dutante toda a sessão de treinos e poucos entraram na pista. Gilles Villeneuve foi um deles, e decidiu fazer voltas rápidas em piso molhado. No final, todos ficaram de boca aberta quando viram que o seu melhor tempo era... nove segundos mais rápido do que o segundo classificado. Contudo, no dia seguinte, o sol apareceu, e os pilotos marcaram os seus tempos.
O melhor na qualificação foi Alan Jones, no seu Williams. O piloto australiano fazia a sua terceira pole position do ano, e tinha a seu lado o Brabham-Cosworth de Nelson Piquet, que demonstrava o seu talento e o excelente chassis que tinha em mãos. Na segunda fila estavam o Ferrari de Gilles Villeneuve e o Ligier de Jacques Laffite. Na terceira fila encontravam-se o segundo Williams de Clay Regazzoni e o Lotus-Cosworth de Carlos Reutemann, e na quarta alinhavam os Renault de René Arnoux e Jean-Pierre Jabouille. O segundo Brabham de Ricardo Zunino e o Tyrrell-Cosworth de Didier Pironi fechavam o "top ten".
Seis pilotos ficaram de fora desta corrida. Eram eles o Shadow de Jan Lammers, o Alfa Romeo de Vittorio Brambilla, o Rebaque de Hector Rebaque, o Merzario de Arturo Merzário, o Arrows de Jochen Mass e o Copersucar-Fittipaldi de Alex Dias Ribeiro.
No dia da corrida, as possibilidades de chover eram de 50 %. Alguns minutos antes da corrida, uma chuva forte tinha alagado a pista, apesar desta ter diminuido no momento da largada. Todos tinham mudado de pneus, exceto dois pilotos: Nelson Piquet e Mario Andretti. Ambos não tinham nada a perder, logo... No momento da largada, houve confusão, com Jody Scheckter e o Wolf de Keke Rosberg, que sairam da pista na primeira curva, mas regressaram à corrida, enquanto que Giacomelli acabava na barreira de proteção, com a direção torta. No final da primeira volta, Villeneuve era o lider, com Jones logo atrás e Reutemann estava em terceiro.
A chuva continuava fraca, e os pilotos tinham dificuldades em permanecer em pista. Na volta 2, o Ligier de Jacky Ickx, que tinha sido o último na qualificação, tinha conquistado doze posições, mas ao aproximar-se da traseira do Tyrrell de Derek Daly, errou na frenagem e bateu no carro do irlandês. Assim acabou a última corrida do piloto belga na Formula 1. Na volta seguinte era a vez do seu companheiro Laffite... no mesmo lugar! Mais uma volta e era a vez de Carlos Reutmann ficar pelo caminho.
A partir da volta dez, a chuva veio com maior intensidade, e os pneus Michelin trabalharam melhor na chuva do que os Goodyear. Assim, Villeneuve conseguiu distanciar-se de Jones e Regazzoni, que o seguiam nas posições posteriores. Mas oito voltas mais tarde, a chuva parou e o asfalto começou a secar, favorecendo os Goodyears, e em consequência, os Williams. Por essa altura, Scheckter, que já era terceiro colocado, mudou os pneus para seco, mas acabou tendo azar, pois mal entrou na pista e acabou rodando.
Somente a partir da volta 25, os pilotos acharam por bem trocar de pneus. Aos poucos, os pilotos fizeram isso, exceto três deles: os Ferrari de Villeneuve e Scheckter e o Renault de Arnoux. Curiosamente, estes três usavam Michelin. Mas como eles não eram tão eficazes como os Goodyear, Jones conseguiu alcançá-los, à razão de dois segundos por volta. Na volta 32, o australiano estava na frente da corrida. Duas voltas depois, Villeneuve trocou para slick e voltou à pista 35 segundos atrás de Jones.
Parecia que a corrida estava decidida a favor do australiano. Mas na volta 37, Jones vai aos boxes para nova troca. Os mecânicos fazem a devida operação, mas a pressa faz com que o mecânico que operava o macaco pneumático colocasse o carro muito cedo no chão, uma vez que, o mecânico que operava a roda traseira direita ainda não tinha concluido a operação. Resultado: mal Jones entrou em pista, a roda soltou e ele não teve outro opção, a não ser encostar e abandonar.
O erro da Williams significou a vitória certa para Villeneuve, pois tinha quase uma volta de vantagem para Scheckter. O sulafricano acreditava que estava a caminho de mais um bom resultado, quando na volta 48, um pneu estourou, longe demais dos boxes. Nesta altura, só havia nove carros na pista. Arnoux chegou ao segundo posto, com Pironi logo atrás. Derk Daly estava a caminho de um bom quarto posto, aproveitando a desistência de Piquet, devido a um problema de transmissão. Mas o irlandês perdeu o controle do seu carro na volta 52, e o lugar caiu nas mãos de Elio de Angelis, no seu Shadow.
As coisas permaneceram assim, com sete carros cruzando a linha de chegada, e com Gilles Villeneuve como vencedor. René Arnoux e Didier Pironi acompanharam-no ao pódio, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis havia algumas novidades: Elio de Angelis conquistava aos 21 anos os seus primeiros três pontos da carreira (e os últimos da história da Shadow), Hans Stuck conseguia dois pontos para a Shadow, curiosamente na sua última corrida da carreira na Formula 1, e para fechar os lugares pontuáveis, estava o McLaren de John Watson.
Melhores momentos do GP:
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