segunda-feira, 28 de março de 2011

Ferrari 612 Scaglietti (2004)







Miniatura de escala 1:38, que faz parte da coleção “SHELL V-POWER”, lançada pelos Postos Shell, no ano 2009. A miniatura é de plástico e apresenta controle de direção programável.

Sobre o modelo F 612 Scaglietti 

     A F 612 Scaglietti recebeu esse nome em homenagem ao artesão Sergio Scaglietti, que conquistou uma boa reputação como construtor de carrocerias de alumínio. O 612 vem do motor: 6.0 de 12 cilindros. Trata-se de um modelo GT 2+2, com motor dianteiro e tração traseira, que poderia ser chamado de "GT Quattro Posti" (quatro lugares) porque consegue acomodar quatro adultos, enquanto uma carroceria 2+2, como todo mundo sabe, leva no máximo dois adultos e duas crianças.

     Na distância entre-eixos, a F 612 Scaglietti mede 2,95 metros, ou seja, é 35 centímetros maior que sua antecessora, a F 456 GT, esta sim um 2+2. O espaço interno traseiro não se compara ao de um sedã, longe disso. Mas as pessoas conseguem se acomodar sem dificuldade. Os bancos apóiam bem o corpo e não falta espaço para a cabeça e os pés de uma pessoa com 1,80 metros de altura. O acesso é facilitado pelo sistema Easy-entry, que movimenta o banco dianteiro para a frente. A única coisa que poderia ser melhorada para quem viaja atrás é a altura do assento. Ele fica em um nível muito abaixo das vigias traseiras, o que dificulta a visão externa e faz com que os joelhos fiquem em posição mais alta que o quadril.

     O motorista só precisa de um tempo para se acostumar com a haste dos indicadores de direção, que fica quase escondida atrás da alavanca de redução de marchas, do lado esquerdo do volante. A ampla área do pára-brisa elimina aquela sensação de claustrofobia que persegue a maioria dos superesportivos. E os retrovisores garantem a visibilidade para trás. No porta-malas cabem 240 litros, o que equivale ao volume transportado por um modelo compacto, como um Mille, por exemplo.

     A F 612 Scaglietti, que custa 220000 euros, na Itália, foi feita sob medida para disputar a preferência dos endinheirados que pensam em carros como Bentley Continental GT e Aston Martin Vanquish, modelos GT top de linha.

    Segundo o engenheiro Carlo Carcioffi, responsável pelo desenvolvimento do chassi, o objetivo do projeto F 137, nome código da 612, era "fazer um carro que rompesse com o passado, por suas características de desempenho e conforto, e abrisse uma via para uma nova geração das Ferrari de Gran Turismo". Pelo visto, as metas foram alcançadas. Depois da F 612 Scaglietti ninguém mais vai poder dizer que as Ferrari são carros que não servem para se usar no dia-a-dia. A F 612 Scaglietti pode trafegar em uma cidade como São Paulo - com seu trânsito congestionado e suas ruas esburacadas - sem traumas.

     No que diz respeito ao desempenho, a F 612 Scaglietti supera a F 456 GT. Segundo a fábrica, a F 456 GT faz de 0 a 100 km/h em 5,2 segundos e atinge 300 km/h de velocidade, enquanto a F 612 Scaglietti acelera de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos e chega aos 320 km/h.

     O motor é o mesmo da F 575 Maranello, com algumas modificações. De acordo com o engenheiro Dario Sacco, responsável pelo desenvolvimento do V12, houve mudanças no gerenciamento eletrônico, ligeiro aumento da taxa de compressão (de 11:1 para 11,2:1) e troca dos coletores de admissão e escape. Essas partes foram redesenhadas para facilitar o fluxo de gases.

    Com o rádio em seu devido lugar (no console e desligado), o V12 de 5748 cm3 produz o som metálico característico das Ferrari e empurra o carro com a força de Hércules. Pisando forte, o motorista precisa se segurar ao volante e firmar o pescoço, porque a cada troca de marcha ele é empurrado para trás, como se recebesse um impulso inesperado. Nessa hora, se ainda havia alguma dúvida sobre o temperamento dessa Ferrari de luxo, a F 612 Scaglietti revela sua alma esportiva.

     Mas quem decide como a F 612 Scaglietti deve se comportar é o motorista. Ela pode satisfazer tanto quem só quer desfilar, ouvindo música e apreciando a paisagem, quanto aqueles que gostariam de vê-la em um autódromo. Segundo a fábrica, em 90% dos casos a F 612 Scaglietti será equipada com o novo câmbio F-1A, igual ao da versão avaliada. Esse sistema permite o uso nos modos automático ou manual, com as trocas feitas por meio de alavancas localizadas junto ao volante. De acordo com a Ferrari, esse sistema é mais rápido que o F-1 presente nos outros modelos da marca, graças à sua maior capacidade de processamento.

     Os 10% dos clientes que devem optar pelo câmbio manual não querem saber de mais concessões para o conforto, além das que a fábrica já fez. Mas, no caso dos outros 90%, o que vai separar o "bon vivant" do piloto estará ao alcance da mão direita. Mais precisamente, depende apenas de um toque com o polegar, em uma tecla que fica no lado direito do volante, identificada com a palavra Sport. Existem ainda outras três teclas no volante, que servem para ligar e desligar o controle de estabilidade (CST), acionar o computador de bordo (Mode) e selecionar as informações apresentadas no mostrador luminoso do painel (Disp).

     Quando a opção Sport está desligada, o câmbio e a suspensão da Ferrari 612 Scaglietti privilegiam o conforto. As trocas de marcha ocorrem de forma suave e sem pressa e a suspensão fica macia, como a de um sedã Mercedes-Benz Classe C, por exemplo. Com o modo Sport acionado (aparece uma luz indicadora no painel), a F 612 Scaglietti se transforma em um carro de corrida. O câmbio fica impaciente. Se está no modo automático, realiza trocas freqüentes. No manual, implora para que o motorista se agite. Nos dois casos não existe suavidade nas operações. Sempre que necessário, o sistema se encarrega de fazer o punta-taco (provocando um ronco que não tem preço). Essa manobra consiste em elevar o giro do motor antes das reduções para evitar danos mecânicos (nos sistemas convencionais, deve ser feita pelo motorista, pisando no freio e no acelerador ao mesmo tempo). Se, ao se aproximar de um semáforo, o motorista se esquecer de reduzir as marchas, o sistema assume o controle. Mas nas acelerações ele não interfere. Deixa o giro crescer até o corte do motor, que ocorre em 7250 rpm.

     A suspensão, por sua vez, também se comporta de forma diferente no modo Sport. Os amortecedores, que têm sua rigidez controlada eletronicamente, tornam-se mais firmes, endurecendo o conjunto de suspensão formado por braços duplos triangulares, nos dois eixos.

     "Durante nosso test drive, com essa calibragem esportiva, a F 612 Scaglietti demonstrou um comportamento bastante neutro em curvas. A divisão de peso entre os eixos é quase perfeita - 46% na dianteira e 54% na traseira - e os pneus Pirelli PZero Corsa (245/45 ZR18, na frente, e 285/40 ZR19, atrás) também ajudam. Quando eu já estava apoiando o joelho na lateral do console, para não sair do banco, o carro ainda descrevia a trajetória com a mesma precisão dos movimentos de um mestre de tai chi chuan. Os freios poderiam ter respostas mais imediatas, como os do Porsche Carrera GT, para aumentar a confiança do motorista no carro."

     O sistema de som da marca Bose só foi avaliado no final do test drive, já no caminho de volta para a fábrica da Ferrari. A reprodução é de qualidade. A plenos pulmões, não há distorções e é possível reconhecer cada um dos instrumentos executados na gravação. Além do rádio, tínhamos a bordo música para todos os gostos, de Pavarotti a Jamiroquai. Mas nem mesmo a impecável qualidade de reprodução digital supera uma apresentação ao vivo - no caso, a do V12.


Fonte: Quatro Rodas

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