sexta-feira, 15 de abril de 2011

In Memoriam: Alberto Ascari (26/05/1955)

    

      A carreira de Alberto Ascari foi curta, mas muito densa em resultados.

     Nascido em Milão, Alberto é filho de Antonio Ascari, um dos principais pilotos do período inter-guerra. Em 1926, quando liderava uma corrida no circuito Monthléry, sofre um acidente fatal. Alberto tinha 7 anos.


    Demasiado novo para correr nos “Grand Prix” dos anos 30, ao lado de Tazio Nuvolari ou de Nino Farina, para não falar dos alemães como Bernd Rosemeyer ou Rudolf Caracciola, Ascari teve tempo para correr ao lado de outras lendas do automobilismo como Juan Manuel Fangio, Nino Farina, Luigi Fagioli e Froilan Gonzalez. E correu quase sempre pela Ferrari, com passagens pela Lancia e Maserati.

     Ele começou em corridas de MotoGP antes de passar para as quatro rodas em 1940.

     Enzo Ferrari é um antigo colega de seu pai. Alberto ganha um lugar na Auto Avio Construzioni e participa da Mille Miglia.

     Em 1947 começou a disputar Grand Prix, ganhando uma corrida em 1948 e três em 1949. Portanto, a participação no Campeonato do Mundo era previsível.

     A Ferrari não pode correr o primeiro GP da história por razões financeiras e Ascari começa em Mônaco. Ao escapar de um acidente que elimina 9 carros, Ascari termina em 2º lugar, voltando a ocupar a mesma posição em Monza. Termina a temporada em 5º.

     Em 1951, a Ferrari está começando a ter supremacia sobre a Alfa Romeo. Após dois segundos lugares, Ascari ganha sua primeira corrida, em Nürburgring, voltando a vencer em Monza, colocando-se como um aspirante ao título. Mas um problema em Pedralbes deixa-o em quarto lugar na corrida. Ele é vice-campeão atrás de Fangio.

     Em 1952 Fangio é vítima de um violento acidente, ficando temporariamente incapacitado de correr. A festa começa.

     Ascari não participou da primeira etapa, na Suíça, mas é um dos poucos europeus a correr as 500 Milhas, quando elas integravam o Campeonato Mundial. Entretanto, os resultados decepcionam: 19 º no grid, abandonando na volta 40.

     Então Ascari vence todas as 6 últimas corridas do campeonato, conseguindo o placar perfeito: 36 pontos em 36 possíveis, com um total impressionante de 53,5 pontos.

     Em 1953, mais 5 vitórias em 8 possíveis (sem contar a Indy 500) e o segundo título.

     Então a queda.

     Ascari assina com a Lancia em 1954, mas teve de guiar Ferrari e Maserati antes do carro ficar pronto, o que acontecerá apenas na última corrida, na Espanha. Assim, sua participação no mundial de 1954 foi muito discreta e a única alegria do ano foi ter vencido a Mille Miglia com a Lancia, em 2 de maio.

     Em 1955, com a Lancia D50, Alberto lidera as 12 primeiras voltas na Argentina. Em Mônaco, na 80ª volta, seu carro mergulha no Mediterrâneo. Escapa com poucas contusões.


     Uns dizem que foi pura distração, outros atribuem ao cansaço devido às muitas voltas dadas até então (algo que iria matar o seu compatriota Lorenzo Bandini doze anos depois) ou então que se tenha escorregado no óleo do Mercedes de Stirling Moss. O carro foi retirado das águas algumas horas mais tarde.


     Quatro dias mais tade, na quinta-feira, 26 de maio de 1955, estava em Monza, de visita a Eugenio Castelloti, que testava um Ferrari 750 Monza para o Supercortemaggiore 1000. Ambos iriam conduzir esse carro, graças a um acordo de cavalheiros entre a Lancia e a Ferrari. Ascari nem tinha de estar ali. Só para terem uma ideia, o seu capacete azul-marinho, sem o qual não poderia correr, estava na loja para ser reparado. E não tinha fato de competição.

     Antes de voltar para Milão, para almoçar com Mietta, sua mulher, pediu o capacete de Castelloti e foi dar umas voltas com o carro. Certamente queria testar se a sua condução estava intacta depois daquele mergulho monegasco, mas o fato é que após algumas voltas, quando passava pela Curva de Vialone, o seu carro catapultou no ar por duas vezes. Ascari foi projetado do carro e morreu quase de imediato. Tinha 36 anos.



      Aqui começam as coincidências. Alberto Ascari tinha 36 anos de idade, tinha ganho 13 Grandes Prémios e morrera num dia 26. O seu pai Antonio Ascari, um dos grandes corredores dos anos 20 pela Alfa Romeo e Fiat, morrera também num dia 26, a bordo de um carro com o número 26 e também tinha 36 anos quando morreu. E também, nova coincidência, num carro com o numero 26.


     Após o acidente de Ascari, a Lancia decidiu abandonar a competição no final da época e cedeu os seus carros à Ferrari, rebatizando-os de Lancia-Ferrari. Juan Manuel Fangio foi para lá em 1956 para vencer o seu quarto título mundial, após a retirada da Mercedes após a catástrofe nas 24 Horas de Le Mans. Foi a única vez que Enzo Ferrari venceu corridas com os carros de outro construtor. Um dos pilotos que conduziu esse carro foi Eugénio Castelloti, considerado como um digno sucessor de Ascari, mas quaisquer esperanças terminaram a 13 de Março de 1957 quando morreu no circuito de Modena, ao testar um carro de Sport para as 12 horas de Sebring. O carro capotou várias vezes e ele teve uma fratura craniana fatal.

     Quanto à curva onde Ascari perdeu a vida, ela foi transformada em 1972 numa chicane, batizada convenientemente de Variante Ascari. E a Itália ainda procura hoje por um campeão do mundo.

    

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