sábado, 16 de julho de 2011

Clay Regazzoni em Long Beach (1976): sexagésima primeira vitória da Ferrari


     Depois do Brasil e da Africa do Sul, a Formula 1 desembarcava pela primeira vez nas ruas de Long Beach, em uma temporada  em que os Estados Unidos iria receber dois Grandes Prêmios. Este fato não se repetia desde 1957.

     Long Beach na Formula 1 era o sonho de Chris Pook, um britânico radicado na California, que sonhava em fazer um "Mônaco das Américas" naquela cidade costeira, nos arredores de Los Angeles e que no ano anterior tinha montado o seu circuito e feito uma corrida de F5000 como ensaio para receber a Formula 1. Tudo tinha corrido bem e o Circo da F1 estava prestes a ser a próxima atração, numa corrida marcada para a primavera, em contraste com Watkins Glen, que acontecia no inicio do Outono.

     No pelotão da Formula 1, haviam algumas alterações. Na Surtees, o australiano Alan Jones, vindo da Hill, era piloto da equipe, ao lado do americano Brett Lunger, enquanto que na March, além dos dois carros oficiais para Vittorio Brambilla e Ronnie Peterson, existiam mais dois carros para Hans Joachin Stuck e Arturo Merzario. Na Copersucar, os irmãos Fittipaldi chamaram Ingo Hoffman para o segundo carro. Outras equipas, como a Shadow, Parnelli e Ensign, tinham patrocinadores novos para mostrar nas ruas americanas.

     Os pilotos estavam divididos em relação a Long Beach. Emerson Fittipaldi aprovava, mas Jacques Laffite, por exemplo, não era fã do traçado devido às oscilações da pista. Mas mesmo assim, todos se preparavam para a qualificação, pois apenas poderiam passar vinte dos vinte e oito carros inscritos.


     No final, os Ferrari foram os melhores, mas foi Clay regazzoni foi o "poleman", seguido pelo Tyrrell de Patrick Depailler, enquanto que na segunda fila, o McLaren de James Hunt era melhor do que o segundo Ferrari de Lauda, na batalha pessoal entre os dois. Tom Pryce, no seu Shadow, era o quinto no grid, seguido pelo March de Peterson. Jean Pierre Jarrier, no segundo Shadow, era o sétimo, com o Lotus de Gunnar Nilsson na oitava posição. Fechando o "top ten" tinhamos o Penske de John Watson e o Brabham-Alfa Romeo de Carlos Reutemann.

     Somente vinte carros podiam qualificar-se, e claro, alguns nomes conhecidos ficaram fora do GP. Os Wolf-Williams de Jack Ickx e Michel Leclére, o Copersucar de Ingo Hoffmann, o March de Arturo Merzário, o Surtees de Brett Lunger, o Hesketh de Harald Ertl e o Lotus de Bob Evans, não conseguiram a qualificação.


     No dia da corrida, Regazzoni manteve a liderança... e não mais a largou. Hunt pulou para o segundo lugar, na frente de Depailler e Lauda. Na primeira curva, Brambilla e Reutemann colidem e ficam por ali, enquanto que Nilsson sofre uma falha na suspensão algumas curvas depois, em alta velocidade, mas sem grandes consequências.

     Nas voltas seguintes, os acidentes continuavam, devido ao piso escorregadio, típico dos circuitos citadinos. Stuck batia na segunda volta e na terceira acontece o primeiro problema da corrida, quando Hunt, que tinha sido ultrapassado por Depailler na volta anterior, tentava recuperar o segundo lugar. Na freada para uma das chicanes, Hunt tentou uma manobra de ultrapassagem mas o francês fechou a porta no preciso momento, fazendo com que o choque fosse inevitável. Hunt encostou o McLaren e, extremamente irritado, gesticulava sempre que o francês passava por ali, culpando-o pela sua saída precoce. Mais tarde, quando a corrida acabou, os mecânicos vieram a descobrir que o carro poderia ter voltado a corrida tranquilamente...


     Na frente, sem ser incomodado, seguia Regazzoni, mas os incidentes continuavam. John Watson tinha batido no Ligier de Jacques Laffite, e tinha de ir aos boxes para substituir o nariz quebrado, caindo na classificação. Pouco depois, Lauda passava Depailler e ficava com o segundo posto, basicamente terminando a corrida por ali em termos de luta pela liderança. Atrás, no nono lugar, seguia Mário Andretti, sem saber que esta seria a última corrida que faria pela equipe Parnelli. Na volta 15 encosta nos boxes devido ao superaquecimento do motor. Um repórter lhe pergunta sobre a saída da equipa, desconhecendo que ele, nada sabia!

      Enquanto isso, Depailler caia algumas posições devido a uma rodada, mas depois fez uma corrida "com a faca nos dentes", tentando recuperar o tempo perdido. Passa Jarier e Peterson em poucas voltas e vai atrás de Scheckter e Pryce. Mas não precisou ultrapassá-los para chegar ao terceiro posto: ambos os carros tiveram problemas mecânicos e desistiram.


      No final, os pilotos batalhavam contra problemas na caixa de marchas, mas conseguiram, de uma maneira ou outra, levar os seus carros até ao fim. Regazzoni conseguia a sua primeira vitória do ano, com Lauda no segundo lugar, consolidando a liderança no campeonato. Depailler completava o pódio, com o Ligier de Jacques Laffite no quarto posto, conseguindo os primeiros pontos da história da equipe, o McLaren de Jochen Mass e o Copersucar de Emerson Fittipaldi, que conseguia o seu primeiro ponto como construtor.

     A corrida tinha sido um sucesso, tanto de organização quanto de aprovação por parte do público, o que fez com que a prova ficasse no calendário para o ano seguinte. Mas, ainda, existia uma última história para contar: quando a corrida acabou, Mário Andretti tinha decidido que não iria correr mais pela Parnelli na USAC, já que tinha ficado zangado por ter sido o ultimo a saber da noticia. No dia seguinte, por acaso, cruzou com Colin Chapman e este ficou sabendo da sua saída da Parnelli. Colin convida Andretti para um lanche no final do dia e, deste encontro, resulta a assinatura de um contrato que tornou o americano piloto da Lotus.

     Melhores momentos do GP:


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...