quarta-feira, 15 de junho de 2011

In Memoriam: Clay Regazzoni (2006)


     Hoje quero fazer a minha homenagem a um veterano corajoso, mais um que pertenceu à aquela geração de pilotos polivalentes que ajudou a Fórmula 1 a se transformar naquilo que conhecemos nos dias atuais. A sua carreira foi longa, e teve um fim abrupto. Apesar de tudo, não deixou de competir e fazer o que gostava mais. O seu fim pareceu tão irônico, sabendo que escapou da morte por muitas vezes… Falo de Gianclaudio (ou se perferirem, Clay) Regazzoni.

     Ao contrário do que se pensa, ele não era italiano de nascimento, mas sim suíço. Nasceu na cidade de Lugano, a 5 de Setembro de 1939. Começou a correr em 1963 e foi campeão europeu de Formula 2 em 1970. Mas foi em 1968, que teve o primeiro grande susto de sua vida.

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     Na prova de F3, que antecedeu o GP de Mônaco de 1968, Clay perdeu o controle do seu Tecno na chicane, e foi direto encarar a lâmina de metal, quase uma decapitação no local. A lamina suportou a pancada e o lado direito da sua cabeça, quase fica preso. Regazzoni abaixou-se apenas o suficiente e no momento certo. Saiu ileso dessa.

     No mesmo ano de 1970 estreou na Formula 1, no Grande Prêmio da Holanda, ao volante de um Ferrari. Na Aústria, acabou em segundo lugar, e na corrida seguinte, o Grande Prêmio da Itália, obteve a sua primeira vitoria, num fim de semana marcado pela trágica morte de Jochen Rindt, que viria a ser nesse ano o único campeão do mundo, com título póstumo. No final dessa temporada marcou 33 pontos e foi terceiro classificado, com uma vitória, quatro pódios, três voltas mais rápidas e uma pole-position, no México.

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     Em 1971, Clay consegue três terceiros lugares e uma pole, na Inglaterra,. No final da temporada, os 13 pontos deram-lhe o sétimo lugar geral. Em 1972, a Ferrari não estava indo bem no campeonato, e só conseguiu dois pódios, na Espanha e Alemanha. No final da temporada, manteve o sétimo posto do ano anterior, mas desta vez com 15 pontos.

     Em 1973, decide ir para a BRM, onde conheceu um jovem austríaco, chamado Niki Lauda. Os dois tornam-se grandes amigos, e na Africa do Sul, Regazzoni esteve prestes a morrer queimado, quando o inglês Mike Hailwood (1940-1981) o salvou.

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     Devido a esse feito, Hailwood, antigo campeão mundial de motos, foi condecorado com a George Medal, a mais alta condecoração por bravura. Mas aparte disso, Regazzoni constatou que o carro não era competitivo, e conseguiu apenas dois pontos, apesar de uma pole position na Argentina.

     Em 1974, volta à Ferrari, e recomenda ao "Commendatore" a contratação de Lauda. O austríaco vem para a Ferrari e junto com Clay formaram uma das melhores duplas dos anos 70. Durante essa temporada, Reggazoni é presença regular no pódio, apesar de só ter ganho uma corrida, em Nurburgring. Quase ganhou o campeonato, mas um 11º lugar em Watkins Glen, devido a problemas de dirigibilidade, viu fugir o sonho do título para Emerson Fittipaldi. No final, consolou-se com o vice-campeonato, com 52 pontos, uma vitória, uma pole position, três voltas mais rápidas e sete pódios.

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     Para 1975, “Regga” tinha boas esperanças para a conquista do campeonato, mas Lauda estava em melhor forma. Só ganhou em Monza, e teve mais dois pódios, além de quatro voltas mais rápidas. Acabou a temporada em quinto na classificação geral, com 25 pontos. Continuou a correr pela marca do Cavalino Rampante em 1976, mas apesar de um bom inicio de temporada, ganhando em Long Beach, partindo da pole position, no final da temporada, foi substituído pelo argentino Carlos Reutmann. Terminou em quinto no campeonato, com 31 pontos, uma vitória, uma pole position, duas voltas mais rápidas e quatro pódios.

     Para 1977, arranjou lugar na Ensign, de Morris (Mo) Nunn onde o melhor que conseguiu foi dois quintos lugares e um sexto. Esses cinco pontos deram-lhe o 17º lugar no geral. Em 1978, mudou-se para a Shadow, onde não conseguiu nada melhor do que dois quintos lugares. Quatro pontos que lhe deram o 17º lugar no geral.

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     Em 1979, nova mudança, para a Williams. Contratado para o lugar de segundo piloto, aliou a sua veterania (tinha quase 40 anos) com a rapidez, e no GP de Mônaco foi segundo, muito perto do vencedor, o Ferrari de Jody Scheckter. Em Silverstone, faz história, quando dá a Frank Williams a primeira vitória da equipe, numa corrida onde tudo estava a serviço do seu companheiro Alan Jones. Contudo, essa vitória foi comemorada com suco de laranja, por respeito aos patrocinadores sauditas…

     No resto da temporada, Regazzoni consegue mais três pódios e duas voltas mais rápidas, terminando a temporada em quinto lugar, com 29 pontos. Apesar desta boa temporada, ele não fica na Williams, que contrata… Carlos Reutmann.

     Sem um carro competitivo, Regazzoni volta para a Ensign em 1980, aos 40 anos. Na quarta prova do campeonato, o Grande Premio de Long Beach, Regazzoni sofreu um acidente grave, que provocou a paralisia dos seus membros inferiores. O acidente ocorreu devido a uma falha nos freios, que fez com que seu carro colidisse com o carro de Ricardo Zunino, que estava parado, devido a uma falha dos organizadores, que o deviam ter removido do local. Depois do acidente, Regazzoni processou os organizadores do Grande Prêmio, devido às suas evidentes falhas na segurança. Os organizadores ganharam o processo.

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     Mesmo assim, após o fim da sua carreira na F1, permaneceu ativo. Readquiriu a licença de condução, participou em varias corridas, como o Paris-Dakar, em carros e camiões, nas 24 Horas de Le Mans, entre outras atividades, sempre relacionadas com a deficiência física, como uma escola de condução especial, bem como várias campanhas de sensibilização rodoviária.

     Acerca da sua paralisia, afirmava filosoficamente: "Vês crianças com câncer, e ficas com vergonha — vais ter muitos bons anos de vida pela frente, coisa que eles não vão ter. Não posso andar, mas posso guiar o meu Ferrari, tenho a minha escola de condução para deficientes, posso correr. Já não estou mais desesperado." Foi também comentador de Formula 1 em canais de TV suíços e italianos, e em 1982 escreveu a sua autobiografia: "E questione di cuore".

     Morreu em 15 de Dezembro de 2006, num acidente nos arredores de Parma, quando voltava do Salão de Bolonha. Suspeitou-se de um ataque cardíaco, mas a autópsia excluiu tal hipótese. Tinha 67 anos.

     Para finalizar: quando Nigel Roebruck, lendário jornalista do Autosport inglês, perguntou no final de 1979, a razão pelo qual ainda corria aos 40 anos, ele respondeu: “Adoro a Formula 1 e adoro guiar carros de competição. Se é assim então para quê parar?”. Era mesmo uma questão de paixão…

Fonte: http://continental-circus.blogspot.com/2007/05/

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