segunda-feira, 6 de junho de 2011

Lorenzo Bandini em Zeltweg (1964) trigésima oitava vitória da Ferrari

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     Após Nurburgring, o pelotão da Formula 1 ia para a vizinha Áustria, para correr em um novo circuito do calendário daquele ano. Não era bem um circuito, era uma pista desenhada em uma pista de aviação… Zeltweg era uma localidade no centro da Áustria, cujos organizadores tinham o sonho de ter um Grande Prêmio de Formula 1, na sua área. Em 1961 e 1963 tinham sido realizadas duas provas extra-campeonato, que eram, naquela época, condição essencial para um circuito poder fazer parte do calendário oficial. No ano anterior, a corrida foi vencida pelo carro de Jack Brabham.

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     Nesse Grande Prêmio, estavam inscritos vinte pilotos para correr nesta prova. Um deles era um jovem piloto local de 22 anos, que tinha alguma experiência de Formula 2, e era detentor de uma fortuna suficiente para correr num Brabham BT11 da Rob Walker Racing Team. O seu nome era Jochen Rindt.

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     Na lista de inscritos, verificava-se o regresso dos BRP, que tinham estado ausentes em Nurburgring. Os britânicos Innes Ireland e Trevor Taylor estavam de volta no seu chassis BRP 2, esperando obter os seus primeiros pontos do ano. O resto era o de costume: a Lotus trazia Jim Clark e Mike Spence na equipe oficial, com Mike Hailwood e Chris Amon correrendo nos Lotus da Reg Parnell Racing; Jack Brabham e Dan Gurney pilotavam os Brabham oficiais, com Bob Anderson e Jo Bonnier conduzindo os seus carros privados. A Ferrari trazia Lorenzo Bandini e John Surtees e a Cooper tinha Bruce McLaren e Phil Hill. Para finalizar, a BRM tinha quatro carros: dois oficiais para Graham Hill e Richie Ginther, e duas inscritas pela Scuderia Centro Sud, para Giancarlo Baghetti e o sul-africano Tony Maggs. Na Rob Walker Racing, além do estreante Rindt, estava também inscrito o suiço Jo Siffert.

     A Honda, que tinha feito a sua estreia no GP de Nurburgring, decidira ausentar-se do GP austríaco, concentrando-se no desenvolvimento do carro, mas prometendo voltar na prova seguinte, em Monza.

     Quando carros e pilotos chegaram a Zeltweg, tinham avisado que a superfície do aeródromo seria muito ondulada para que as suspensões dos carros aguentassem as 105 voltas previstas na corrida, num circuito de 3200 metros. De fato, os treinos verificaram que as quebras nessa área eram frequentes, e as preocupações para a corrida eram legítimas. Mas no final da qualificação, o melhor era Graham Hill, no seu BRM. Como os organizadores tinham copiado o sistema de grid 4-3-4 de Nurburgring, Hill iria dividir a primeira fila com John Surtees, no seu Ferrari, Jim Clark, no seu Lotus, e Dan Gurney, no Brabham. Na segunda fila estavam Richie Ginther, no segundo BRM, Jack Brabham, no seu carro e Lorenzo Bandini, no segundo Ferrari. Na terceira fila estavam Mike Spence, no segundo Lotus, o Cooper de Bruce McLaren, o Brabham de Jo Bonnier e o BRP de Innes Ireland.

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     Na largada, Clark tem problemas de câmbio e Hill patina mais do que devia no seu BRM. Brabham também tem problemas mas, neste caso, devido a bomba de combustível, o que faz com que o seu companheiro Dan Gurney fique com a liderança, com John Surtees na segunda posição. Na volta seguinte, o piloto da Ferrari assume o comando, com Bandini tentando conter Jim Clark, que tinha resolvido o seu problema com a caixa de marchas. Poucas voltas depois, Hill desistia com um problema eléctrico.

   Na oitava volta, a suspensão de Surtees cede e o comando passa, novamente, para as mãos de Gurney, com Bandini e Clark lutando pelo segundo posto. Na nona volta, Clark assume esta posição. Logo depois, Clark vai em busca de Gurney, que tinha uma vantagem confortável, mas a diferença entre o Lotus e o Brabham não diminuí, com o passar das voltas.

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     Até à volta 40, a única alteração foi a desistência de Jo Siffert na volta 18, que rodou e deixou morrer o motor do seu Brabham. Nessa altura, Clark e Mike Spence, que seguia na quinta posição, desistem quase ao mesmo tempo, ambos devido ao mesmo motivo: o diferencial dos seus carros havia cedido. Isso deixava Gurney isolado no comando, com Bandini em um já distante segundo posto, e Richie Ginther no terceiro lugar. A liderança de Gurney duraria apenas até à volta 47, quando o asfalto austríaco promove, novamente, a quebra da suspensão do Brabham, deixando a pé, o piloto americano. Assim Bandini herda a liderança, com Ginther em segundo e o sueco Jo Bonnier em terceiro, no seu Brabham da Rob Walker.

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     Na volta 58, o Cooper de Phil Hill, que estava no fim do pelotão, sai da pista devido a um problema de suspensão (mais uma vez) e bate fortemente, pegando fogo. O americano safa-se com pequenas queimaduras, mas a sua participação termina ali. Pouco depois, o Brabham de Bonnier tem problemas de motor e este é obrigado a reduzir a velocidade para tentar chegar ao fim.

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     No final, Lorenzo Bandini vence pela primeira vez na sua carreira, dando à Ferrari a primeira vitória de um piloto italiano desde o GP de França de 1961, com Giancarlo Baghetti. Riche Ginther foi o segundo e o britânico Bob Anderson, no seu Brabham BT11 privado, fechava o pódio. O BRM de Tony Maggs era quarto, Innes Ireland o quinto no seu BRP, e Jo Bonnier conseguira chegar ao fim, no sexto posto.

     No final, a experiência do GP austríaco no aeródromo de Zeltweg tinha sido um fracasso devido ao fato da sua superfície ser muito dura para as suspensões usadas, até então. A corrida austríaca iria ser marcante em muitos aspectos: tornou-se a única vitória de Lorenzo Bandini e o único pódio de Bob Anderson. Curiosamente, ambos morreram em um intervalo de tempo de dois meses, em 1967, vítimas de acidentes. Quanto a Jochen Rindt, que se retirou na volta 58 devido a problemas de direção, a sua primeira experiência na Formula 1 teria consequências para o resto da sua carreira. Seis anos mais tarde, quando a F1 voltou à Áustria para correr no novo e veloz Osterreichring, Rindt era o piloto do momento e estava a caminho do seu campeonato. Mas tinha apenas mais três semanas de vida…




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