sexta-feira, 24 de junho de 2011

Niki Lauda em Jarama (1974): quinquagésima vitória da Ferrari

     

     A temporada 1973 de Fórmula 1 contou com mais um duelo entre Jackie Stewart, da Tyrrell, e Emerson Fittipaldi, da Lotus. Mas dessa vez o piloto brasileiro teve um oponente dentro da própria equipe. O sueco Ronnie Peterson, que vinha da March, dividiu as vitórias e os pontos com Fittipaldi. Resultado: Jackie Stewart tricampeão mundial de Fórmula 1.

     Porém, na última corrida, a morte do piloto francês e companheiro de equipe François Cevert apagou todo o brilho da festa britânica. Ele bateu gravamente durante o treino de sábado e morreu instantaneamente. Jackie decidiu se aposentar e abandonou a F1.

     Acidente de François Cevert:


     Na temporada de 1974, Sem Jackie Stewart, aposentado, a Tyrrell apostou no sul-africano Jody Scheckter.  Ele foi bem e ajudou a protagonizar uma das maiores disputas da história do campeonato.

     Três pilotos chegaram à última prova do ano com chances de ser campeão. Sendo que o brasileiro Emerson Fittipaldi – que se mudara para a McLaren – e o suíço Clay Regazzoni, da Ferrari, estavam com o mesmo número de pontos.

      Com problemas no sistema de combustível, Scheckter abandonou o GP dos Estados Unidos há quinze voltas do final. Enquanto Fittipaldi terminou a corrida na quarta posição e viu Regazzoni amargar o décimo primeiro lugar.

     Somando três pontos, o piloto brasileiro sagrou-se bicampeão mundial em uma temporada na qual a Ferrari se destacou pela veloz dupla formada por Clay Regazzoni e Niki Lauda.

     Porém, mais uma vez o campeonato teve mortes. Peter Revson perdeu a vida em um treino para o GP da África do Sul. Enquanto o austríaco Helmuth Koinigg faleceu na última prova da temporada.

     Acidente fatal de Peter Revson:


     Acidente fatal de Helmuth Koinigg:


     Um mês depois da Africa do Sul, máquinas e pilotos estavam em solo europeu para correr o GP da Espanha, quarta prova do campeonato do mundo desse ano. O palco era o circuito de Jarama, nos arredores de Madri, e nesse mês de intervalo, algumas coisas importantes tinham acontecido no mundo da Formula 1, o mais importante dos quais foi a surpreendente vitória de James Hunt no seu Hesketh 308, no International Trophy, em Silverstone.

     Em Jarama, contudo, o pelotão da Formula 1 via imensas estreias. A primeira das quais era a Tyrrell, que finalmente tinha pronto o seu modelo 007, e os dois chassis cairam nas mãos de Jody Scheckter e Patrick Depailler. Na Brabham, Carlos Reutmann, o vencedor do GP da Africa do Sul, um mês antes, tinha um novo companheiro: Rikky Von Opel, do Lichtenstein, apareceu com dinheiro suficiente para comprar o lugar e substituiu o australiano Richard Robarts, que não teve grande carreira com esse carro. Devido a essa ida para a Brabham, a Ensign, de Mo Nunn, interrompia temporariamente as suas actividades. Mas Von Opel não era alguém que incomodasse o andamento de Reutmann, e qualificou-se na penúltima posição do grid de partida.

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     Em Jarama, a Shadow fazia o seu regresso, com o veterano Brian Redman no lugar do falecido Peter Revson, e iria correr ao lado de Jean Pierre Jarier. Outro veterano que fazia o seu regresso era Chris Amon, que começava a sua aventura como piloto da sua própria equipe. O carro não era muito rápido, mas conseguiu qualificar-se na 22ª posição da grid.

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     Outra equipe que fazia a sua estreia no circuito espanhol foi a Trojan, um projeto original de Peter Agg, com Ron Tauranac, que tinha sido o parceiro de Jack Brabham nos anos 60 até à venda da equipe para Bernie Ecclestone, no final de 1971, como projetista do carro. Tauranac tinha desenhado os chassis de Formula 5000 e Formula 2, e estava envolvido neste novo projeto. O piloto seria outro australiano, Tim Schencken.

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     Os treinos começaram com Ronnie Peterson marcando o melhor tempo, num Lótus 76 que tinha sido altamente modificado e parecia fazer a equipe voltar aos velhos tempos. Mas perto do final, o Ferrari de Niki Lauda fez melhor, e garantiu a primeira pole position da carreira ao jovem piloto austríaco. Peterson ficava com o segundo posto, tendo depois na segunda fila o segundo Ferrari de Clay Regazzoni e o McLaren de Emerson Fittipaldi. Na terceira fila, Jacky Ickx era quinto, com Carlos Reutmann no sexto posto. Arturo Merzário era sétimo no seu Iso-Marlboro, tendo logo a seguir o segundo McLaren de Dennis Hulme. Jody Scheckter e James Hunt completavam o “top ten”.

     Vinte e cinco carros qualificaram-se para a corrida, mas 27 estavam inscritos, logo, dois deles ficariam de fora. Era o Iso-Marlboro do dinamarquês Tom Belso e o segundo Hill - Lola de Guy Edwards. Mas esses 27 deveriam ser 28, pois houve um piloto local que quis correr esse Grande Prêmio. E logo com sangue real! Jorge de Bragation era um principe de origem georgiana, mas era um dos melhores pilotos do seu país nessa altura. Adquiriu um Surtees T16 e pediu aos organizadores para se inscrever no GP de Espanha desse ano. Só que nessa semana, houve eleições no Real Automovil Club de España, e o presidente não conseguiu manter seu posto. Limpou a sua mesa do escritório, e entre os papéis que levou para casa, estava a lista de inscritos do Greande Prêmio. Os novos representantes fizeram nova lista as pressas, e Jorge de Bragation foi esquecido, o que foi uma pena.

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     No dia da corrida, a chuva marcava presença, e Peterson saiu na Frente, sem ser incomodado, pois os seus adversários estavam tentando escapar do “spray”. Lauda e Regazzoni vinham atrás, com Ickx em quarto e Fittipaldi a seguir, na quinta posição. Mas em poucas voltas, a chuva parou e a pista secava progressivamente, e todos pararam para trocar os pneus para secos. Peterson continuou, mas na volta 23, o superaquecimento do motor fez com que a sua corrida terminasse ali. Nessa altura, Chris Amon tinha parado, devido a problemas de freios. Poucas voltas depois o outro Lotus, de Jacky Ickx, sofria o mesmo problema e, assim, acabava o fim de semana espanhol para a equipe de Colin Chapman.

    Com isto, os Ferrari ficaram com os dois primeiros lugares, e Hans Stuck era  terceiro, no seu March, Merzário era quarto, no seu Iso-Marlboro, e Fittipaldi era quinto. Na volta 37, o italiano ganha um susto, quando sai da pista em alta velocidade, e bate forte nos guard-rails. O impacto foi tal, que o carro ultrapassou a barreira e caiu numa zona onde estavam fotógrafos. Felizmente, foi mais o susto do que os danos pessoais…

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     A corrida continuou até ao limite de duas horas. Quando isso aconteceu, faltavam seis voltas para o término da corrida, e Lauda conseguia aqui a sua primeira vitória da carreira, com Regazzoni em segundo (e a sair da pista espanhola como lider do campeonato), e Emerson Fittipaldi em terceiro, depois de conseguir alcançar e ultrapassar Stuck. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram, além do alemão da March, o sul-africano Jody Scheckter, que conseguia aqui os seus primeiros pontos da carreira, e o veterano neozelandês Dennis Hulme.






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