Era um Grande Prêmio que iria decidir um título mundial entre dois companheiros de equipe. Era a corrida ideal para a Ferrari: ganhar o título na sua própria casa, entre dois pilotos que corriam juntos. No final, ganhou o melhor. Mas o seu rival, e companheiro de equipe, estava morto, bem como outros 14 espectadores… Glória e Tragédia na edição de 1961 do Grande Prémio de Itália.
Antes da Formula 1 chegar a Monza para disputar o Grande Prêmio italiano, que ocorreu no dia 10 de setembro daquele ano, o americano Phil Hill e o alemão Wolfgang von Trips discutiam entre si quem é que seria o campeão mundial. Von Trips estava na frente, com 33 pontos, seguido por Hill, com 25 pontos. Os Ferrari Tipo 156 "Sharknose" dominavam o pelotão do Mundial, sem rivais a ameaçá-los, com a exceção dos Cooper e da Lotus, mas um estava distante das suas glórias dos anos anteriores, enquanto que o outro ainda estava no seu inicio de carreira, apesar de terem ganho a sua primeira corrida no começo daquele ano, com Stirling Moss…
A edição daquele ano do Grande Prêmio italiano iria usar as duas pistas em simultâneo: a normal e a oval, numa mistura dos dois que iria reduzir a corrida em 43 voltas na pista. Nos treinos, os Ferrari dominaram, mas quem levou a melhor foi Von Trips, que fazia a primeira pole-position da sua carreira, seguido de outra surpresa: o jovem prodígio mexicano Ricardo Rodriguez, que com 19 anos, era segundo no grid. O terceiro era Richie Ginther e o quarto era Phil Hill. O primeiro não-Ferrari estava em quinto, era o BRM-Climax de Graham Hill. Jim Clark, na Lotus, era sétimo, e Stirling Moss partia da 11ª posição do grid.
A partida é lançada e Von Trips perde a liderança a favor de Hill, Ginther e Rodriguez. Entretanto, Jim Clark aproveita e sobe algumas posições. Quando os carros chegam à reta oposta à Parabólica, Clark e Von Trips estão lado a lado, suas rodas se tocam, e o Ferrari do piloto alemão sai da pista e vai desgovernado contra os espectadores. Em ricochete, o Ferrari bate no Lotus de Clark, ferindo-o, mas nessa altura, Von Trips e mais 12 espectadores estavam mortos. Mais duas pessoas iriam morrer mais tarde.
Por incrível que pareça, apesar da carnificina, a corrida não é interrompida. As autoridades justificaram mais tarde que a ideia era para “deixar as equipes de socorro trabalhar para retirar os feridos”. Se fosse hoje em dia, a corrida seria cancelada. Será? Mas como a corrida continuou, os Ferrari dominavam a seu bel-prazer, embora os dois pilotos americanos da equipe, Ginther e Hill, trocavam a liderança entre si, até que na 14ª volta, Hill apossou-se da liderança para não mais a largar. Na volta 23, Ginther desiste, depois do motor apresentar problemas. Antes, o italiano Giancarlo Baghetti e o mexicano Ricardo Rodriguez tinham desistido por problemas semelhantes.
Com isto tudo, quem se beneficia é outro americano: Dan Gurney. A bordo de um Porsche, chega na segunda posição. O terceiro a cruzar a linha de chegada acabou por ser o neo-zelandês Bruce McLaren, num Cooper.
Assim sendo, com o seu rival morto, Phil Hill conquista o título mundial de 1961, o primeiro de um americano na Formula 1. Contudo, Enzo Ferrari ficou abalado com os acontecimentos e decidiu não enviar nenhum dos seus carros para Watkins Glen, a corrida final do campeonato desse ano, que foi ganha pelo Lotus de Innes Ireland.
Fonte:http://continental-circus.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário