sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Gilles Villeneuve em Kyalami (1979): septuagésima quarta vitória da Ferrari

    

     A temporada 1979 de Fórmula 1 foi marcada pela volta do domínio da Ferrari. Com o sul-africano Jody Scheckter e o canadense Gilles Villeneuve no quadro de pilotos, a Scuderia conseguiu o título de pilotos e construtores.

    A agradável surpresa do campeonato foi o crescimento da recém criada Williams, vice-campeã de construtores e terceira colocada no mundial de pilotos com o experiente australiano Alan Jones.

     Quase um mês depois de Interlagos, a Formula 1 chegava a Africa do Sul, onde ocorreria a terceira prova do campeonato do Mundo. A competição demonstrava-se bem disputada na pista, mas nos bastidores, começava a surgir uma batalha pelo poder, que iria colocar a competição de lado, para se concentrar numa luta entre a entidade reguladora, a FISA, e a Associação de construtores, a FOCA. A primeira tinha ressurgido no final do ano anterior, com a eleição do francês Jean Marie Balestre, e este queria regulamentar certos aspectos técnicos, como o banimento das “saias laterais” no final de 1979.

     Tirando esse aspecto, havia novidades técnicas. A Ferrari trazia para Kyalami a versão T4 do seu chassis 312, um carro que avançava novamente no quesito efeito-solo, sendo mais eficaz do que o modelo anterior. E isso foi verificado nos treinos, quando Jody Scheckter e Gilles Villeneuve conseguiram levar o carro para o segundo e terceiro lugares, mostrando que a Ligier tinha finalmente um rival à altura, pois Jacques Laffite e Patrick Depailler foram apenas quinto e sexto no grid.

     Em contraste, a Fittipaldi estava em maus lençóis. O seu novo chassis, o F6, desenhado por Ralph Bellamy, o homem que ajudara a desenhar o Lótus 78, era um vencedor no papel, mas descobriu-se nos primeiros testes que era simplesmente inguiável, devido á sua pouca rigidez torsional em curva. Mesmo assim para satisfazer os caprichos de Bellamy, embarcaram o carro para Kyalami, onde não foi além de um decepcionante 18º posto no grid.

     Mas a grande surpresa desses treinos foi Jean Pierre Jabouille. O veterano piloto francês, com o seu Renault Turbo, conseguira ser o mais rápido de todos, dando à Renault o seu primeiro resultado de expressão na Formula 1, tornando-se também o primeiro carro com motor Turbo que conseguiu uma “pole position”, aproveitando o fato do circuito sulafricano ficar a mais de 1200 metros de altitude, logo, o que beneficiava o funcionamento dos motores Turbo em relação aos Cosworth.


     No dia da corrida (um sábado) o céu estava nublado, ameaçando chuva, mas na hora da largada, a pista estava seca. No final da primeira volta, Villeneuve ultrapassou Scheckter e Jabouille e era o líder. Mas na terceira volta, os céus desabaram sobre o circuito africano, numa daquelas típicas tempestades tropicais, fazendo com que a corrida fosse interrompida.

     Depois de colocarem pneus de chuva, procedeu-se a nova largada, onde Villeneuve partiu da pole position, já que era ele o líder quando a corrida foi interrompida. Na segunda largada, o canadense colocou pneus de chuva, e quando a corrida recomeçou, aguentou melhor as pressões de Scheckter (que tinha colocado pneus secos), e foi para a frente. Mas o sol africano fez secar rapidamente a pista, e Villeneuve teve que ir ás boxes na volta 15, para colocar pneus secos, e assim Scheckter ficava na frente, para delírio dos locais.

       Mais atrás, o McLaren de Patrick Tambay era terceiro classificado, à frente do Brabham de Nelson Piquet, que tinha partido do 12º lugar e tinha mantido os pneus secos na relargada. Mas pouco tempo depois, apresentava problemas no motor Alfa Romeo, e perdia tempo e lugares, terminando na sétima posição, a uma volta do primeiro. Tambay foi pressionado pelo Tyrrell de Jean Pierre Jarier, pelo Lótus de Mário Andretti, pelo Renault de Jabouille e o Ligier de Jacques Laffite. O francês da Renault ainda foi em busca do quarto lugar, mas na volta 47, uma válvula do motor Turbo falhou, e este abandonou a corrida. Na sequência, Laffite teve um furo no pneu e saiu da pista, entregando o quinto posto a Carlos Reutmann.

[Af.+Sul+79.bmp]

     Na volta 52, os pneus de Scheckter começaram a degradar-se, e este foi obrigado a ir aos boxes, fazendo com que a liderança ficasse com Villeneuve. Scheckter tentou recuperar o comando, mas não conseguiu alcançá-lo, o que fez com que o canadense ganhasse a corrida, dando á marca do Cavalino Rampante a primeira dobradinha do ano, embroa os locais tivessem preferido ver a ordem trocada na linha de chegada.

[Af.+Sul+79+2.bmp]

    O pódio foi completo por Jarier, no primeiro pódio do ano para a Tyrrell, e nos restantes lugares pontuáveis, estavam os Lótus de Mário Andretti e de Carlos Reutmann, e o Brabham-Alfa Romeo de Niki Lauda, á frente de Nelson Piquet. Emerson Fittipaldi, com o Fittipaldi F6, ficou a três voltas do vencedor, num 13º e último lugar. O novo carro tinha sido provado como um fracasso, e o velho F5A teve que sair da reforma para voltar a andar por mais algumas corridas.

     Melhores momentos do GP:


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