sábado, 28 de maio de 2011

Berger em Mônaco (1994): um terceiro lugar, suado!!!!

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     Quinze dias depois de Imola, a Formula 1 continuava em estado de choque. Tal como acontecera em 1982, num paralelismo impressionante, o vencedor do ano anterior tinha morrido na corrida anterior a das ruas do Principado, e o sentimento presente era o de vazio. Todos tentavam fazer o seu luto, mas a vida continuava, e a competição estava presente. Só que o “glamour” estava afastado das cabeças de toda a gente naquele ano.

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     A Williams só alinhava com um carro, tal como tinha feito a Ferrari em 1982. A mesma coisa fazia a Simtek, que colocaria até ao final do ano, na zona superior do chassis, uma pintura estilizada do capacete de Roland Ratzenberger, e a frase “FOR ROLAND”. O legado do sacrificado piloto austríaco continuava até ao final do ano…

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     Mônaco tinha uma novidade: Jean Alesi regressava ao volante do seu Ferrari, depois de duas corridas de ausência. Claro que o seu regresso seria bem-vindo, mas o ambiente não era de festa em nenhum lado… outro que voltava para o volante de um carro era Rubens Barrichello, agora com um peso enorme nos ombros: milhões de olhos apontados a ele no Brasil, pedindo para que fosse como Ayrton Senna. Mas o seu compatriota era doze anos mais velho e com larga experiência na F1, e a barreira estava muito alta…

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     Como habitualmente, os treinos livres eram na quinta-feira, e não à sexta. Se todos queriam esquecer os eventos de 15 dias atrás, não conseguiram: a meio da manhã, no minuto em que terminava o treino, este é interrompido quando Karl Wendlinger, no seu Sauber-Mercedes, perde o controle na saída do túnel e colide violentamente a mais de 225 km/hora na zona da chicane do Porto. O impacto foi no lado direito do carro, na altura do capacete, e causou contusões graves na cabeça que o levaram ao coma. Temeu-se o pior, e correu o rumor que, caso Wendlinger morresse, o Príncipe Ranier iria de imediato cancelar o Grande Prêmio, o que seria inédito. Até que os médicos do Hospital de Nice, lugar onde o piloto austríaco foi levado, diagnosticassem devidamente o impacto dos ferimentos, o ambiente, já pesado, ficou negro. A Sauber, em consequência, decidiu retirar os seus carros da corrida monegasca. (Verifiquem a semelhança deste acidente com o de Sergio Pérez, na atual temporada).


     A sexta-feira foi agitada: os pilotos decidiram reavivar a GPDA, mais ou menos adormecida desde 1982, quase que cumprindo um dos últimos desejos de Senna (ele falava da hipótese de a reavivar no fim de semana fatal), e nesse mesmo dia, Max Mosley e a FIA decidiram implementar uma série de medidas de choque, que muitos entenderam ser mais um conjunto de regras feitas às pressas devido ao pânico instalado do que propriamente medidas com algum senso…

     Mas no meio dessas medidas, houve uma que foi implementada, e que foi aplaudida por todos: o limite de velocidade nas boxes. Em Mônaco, esse limite estava nos 50 km/hora, muito baixo para um Formula 1. E o primeiro a cruzar esse risco  levou uma multa de 5 mil dólares) foi o Lótus-Mugen Honda de Pedro Lamy.

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     Nos treinos, por fim, Michael Schumacher fazia a sua primeira pole-position do ano e da sua carreira, tendo a seu lado o finlandês Mika Hakkinen, no seu McLaren-Peugeot. Na segunda fila do grid de largada estava o Ferrari de Gerhard Berger, tendo a seu lado o único Williams-Renault, de Damon Hill. Na terceira fila ficavam o segundo Ferrari de Jean Alesi e o Footwork-Arrows de Christian Fittipaldi, no seu melhor registo do ano. Em sétimo e oitavo estavam Gianni Morbidelli, no segundo Arrows, e Martin Brundle, no segundo McLaren. E fechando os dez primeiros, tinhamos o Minardi-Ford de Pierluigi Martini e o Tyrrell-Yamaha de Mark Blundell. Sem quatro carros em pista, apenas 24 estavam presentes no grid monegasco, o que fazia com que os Pacific de Bertrand Gachot e Paul Belmondo se qualificassem pela primeira vez no ano.

      No dia da largada, poucos minutos antes dos pilotos entrarem em seus carros para se prepararem para a competição, todos eles rumaram para a primeira fila do grid, propositadamente vazia, com uma bandeira brasileira no primeiro lugar e uma austríaca no segundo. Em silêncio, todos eles ficaram em recolhimento, com os pilotos brasileiros a segurar uma bandeira nacional, com a cara de Senna, morto quinze dias antes.

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     Poucos minutos depois, era dada a partida, e logo na Curva Ste. Devote, a concorrência a Michael Schumacher acabava ali a sua corrida: Damon Hill, agora o seu maior rival para o resto da temporada, perde o controle do carro devido a ter travado tarde demais e bate em Mika Hakkinen. Hill continuou, mas não foi muito mais longe, pois estacionou o carro na descida do Mirabeau, algumas centenas de metros depois. Um pouco atrás, Morbidelli e Martini tocam um com o outro e também ficam pela primeira volta.

    O resto da corrida foi uma cavalgada solitária de Schumacher. Berger era segundo no seu Ferrari, seguido por Jean Alesi e Christian Fittipaldi, no seu Footwork-Arrows. Brundle era quinto, depois de uma parada mais cedo do que os seus rivais, o que lhe deu a terceira posição, quando Alesi e Fittipaldi pararam.

     No meio da corrida, o Tyrrell de Mark Blundell quebra a caixa de marchas e deixa um rastro de óleo na pista. Berger passa sobre o óleo, perde o controle do carro e é ultrapassado por Brundle. Schumacher quase roda, mas consegue controlar o carro e continua sem maiores problemas.

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     E até à bandeira quadriculada, não houve grandes novidades. Fittipaldi desistiu na volta 47, quando a sua caixa de marchas apresentou problemas, passando o sua posição para um surpreendente Andrea de Cesaris, que finalmente usava a sua veterania para fazer uma corrida sem problemas. O quarto lugar foi uma bela recompensa pelos serviços prestados, uma vez mais, ao seu amigo Eddie Jordan. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Ferrari de Jean Alesi e o Minardi de Michele Alboreto. Para o veterano italiano, seria a última vez que pontuaria na sua carreira.

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     Em 11º e último lugar, a cinco voltas do vencedor, ficava Pedro Lamy. O seu problemático Lótus 107C era uma pálida sombra dos garbosos modelos de outrora, e não havia grandes sinais de melhoria, ainda por cima numa altura em que a equipe vivia os seus últimos dias. Mas mal ele sabia que a próxima vez que iria correr num Grande Prémio seria dali a 15 meses, em agosto de 1995…

      Melhores momentos do GP de Mônaco (1994):


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